O sistema de produção da Toyota tem sido amplamente estudado e utilizado como base para sistemas produtivos de outras empresas. Porém, nem todas são capazes de obter resultados eficazes. São, aliás, poucas as que conseguiram descodificar e aplicar este sistema com sucesso.
Compreender o TPS (Toyota Production System) passa, em primeiro lugar, por perceber o foco na padronização, que resulta em cada actividade, conexão e fluxo de produção nas fábricas da Toyota detalhadamente descrito e documentado, sem que isso implique a perda de flexibilidade das operações. Alcançar este tipo de modelo, rigoroso mas adaptável, requer a disciplina intrínseca à utilização do método científico, como aquele que conhecemos por PDCA (Plan Do Check Act), onde cada especificação é definida pela criação de uma hipótese que é testada antes de ser implementada em definitivo.
O mesmo rigor é aplicado ao processo de mudança. Após uma avaliação detalhada ao estado actual das coisas, é delineado um plano de acção orientado para a melhoria, que passa forçosamente por uma comprovação, num ambiente real, das soluções propostas.
Na base do TPS, encontram-se 4 regras que moldam a estrutura deste modelo produtivo:
1. Como as pessoas trabalham;
O trabalho, seja ele qual for, deve ser altamente especificado em todas as suas componentes (conteúdo, sequência, duração e resultado), para que desvios possam ser facilmente detectados e analisados na perspectiva da melhoria.
2. Como as pessoas e processos se ligam;
A relação entre clientes e fornecedores deve ser directa e clara e consequentemente as necessidades de uns são facilmente compreendidas e despoletam imediatamente a acção correspondente nos outros.
3. Como a linha de produção é construída;
Para cada produto e serviço, a sequência de processos que acrescentam valor deve ser simples e directa, garantindo que o produto flui entre pessoas e máquinas.
4. Como é assegurada a melhoria contínua;
Todos os trabalhadores de produção são incentivados a melhorar os processos nos quais participam, sempre sob orientação, como forma de assegurar que estas são feitas usando o método científico.
Apesar da aparente rigidez do TPS, nenhuma prática ou ferramenta utilizada pela Toyota se pode considerar como essencial. É aqui que entra a referida flexibilidade, na medida em que essas práticas constituem respostas temporárias para um problema específico, apelidadas pela Toyota de “contramedidas”. Esta resposta temporária é utilizada até ser encontrada uma solução melhor ou mais adequada para as circunstâncias.
O impacto deste sistema produtivo resulta na capacitação e responsabilização das pessoas pelo seu próprio trabalho, permitindo que tanto melhorias nos processos como a resolução de problemas sejam feitas em todos os níveis da organização.
A utilização deste modelo encaminha a Toyota para aquilo que considera ser ideal: a produção sem defeitos e sem desperdícios, o fluxo de uma peça ou em pequenos lotes, a entrega imediata e a produção num ambiente física, emocional e profissionalmente seguro para os seus trabalhadores.
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